Neste mês de maio de 2009, Recife abrigou dois eventos considerados importantes para os profissionais e estudantes de Turismo, principalmente porque esta área acadêmica foi alargada com os cursos de Hotelaria, Gestão de Turismo, Eventos, Relações Públicas, Moda e Gastronomia. Ou seja, uma gama enorme de pessoas com muitas novidades e temas para estudar, discutir e debater....Entretanto, estive envolvido nos dois e fiquei bastante preocupado com o nível de desorganização e bagunça envolvendo os mesmos. No primeiro, o Seminário de Turismo e Hospitalitade, lotou o Centro de Convenções no início de maio e participei como professor convidado. Fui feliz para o evento e saí triste. Logo no início, a zorra, desorganização e falta de preparo das recepcionistas era gritante e sofrível. Minutos antes de iniciar as atividades, os kits ainda estavam sendo organizados e o clima era caótico. Os convidados (como eu) não tinham as credenciais nem as camisetas. E não sabia-se quando iriam chegar. Entrei assim mesmo, pois já estávamos atrasados mais de meia hora. Outro detalhe grave, era a falta de preparo dos estudantes para um evento daquele porte, parecia mais uma feira de mangaio do que um evento reunindo todos os cursos atuais deste setor do Turismo. Havia tudo, menos respeito aos temas abordados. Isto me fez pensar sobre dois pontos: a falta de hábito deles em participar de eventos e a falta de preparação deles por parte de seus professores...
Infelizmente o secretário Silvio Costa Filho, fez um discurso político bonito, pautado em bonitas imagens e números de cursos de capacitação, que agente sabe, que na maioria das vezes limita-se a mecanicamente ensinar pessoas de baixa renda a executar determinados trabalhos braçais, mas não se abrange a ensinar a pensar no setor como um todo e no papel de cada um na mistura deste bolo. Haja visto, que quando temos de lidar com os chamados serviços de front do turismo: recepcionistas, guias, guest relations, concierges, reservas...encontramos muitas vezes, profissionais sem conhecimento mínimo de idiomas, comportamento inadequado e falta de conhecimento técnico. Então não adianta mostrar números de inscritos em cursos, se os felizardos participantes, apenas mecanicamente aprendem a executar e adquirir competência apenas para saber fazer...
Felizmente e para deleite de quem ali esteve para aprender, estava presente o escritor e professor Luiz Godoy Trigo, que através de um texto fluente, atualizado, ágil e inteligente, sinalizou como este setor pede estudos e gente capacitada; ainda mais depois desta multidisciplinaridade envolvendo tantos cursos acadêmicos e técnicos. Foi um deleite ouvir seu trabalho.
O resto foi Carnaval.
Já no final de maio, tivemos a Mostra Internacional de Turismo e também fui convidado a participar e confirmar inscrição via página da organizadora do evento. Fiz a inscrição dia 6 de maio e até o dia 23, eu havia tentado de todos os meios possíveis de comunicação, receber o comprovante no evento e participação das oficinas. E não recebi qualquer aviso, desculpa ou explicação.
Diante destes dois fatos, me pergunto, se o Turismo ainda é esta coisa fantasiosa, que muita gente pensa que é um oba-oba de diversão e ganho de dinheiro, sem capacitação, cursos, estudos e aquisição de competências específicas. Perdemos todos nós, que a cada ano , ficamos abaixo dos indicadores de Salvador, Natal e Fortaleza...perdemos todos aqueles que trabalhamos com seriedade, quer no operacional, quer formando e treinando novos aprendizes..Pois desde os anos 80 que escuto, Turismo é o curso do futuro, mas futuro para quem? para os donos das empresas? para os profissionais? para o estado?
Se continuar do jeito que vai...lamento amigo, mas não trará futuro para ninguém...
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