quarta-feira, 27 de março de 2013

AGUARDAR O TEMPO CERTO


AGUARDAR O TEMPO CERTO

As flores silvestres desabrocham na primavera, porque seus bulbos são plantados no outono; as flores dos jardins nos encantam do verão ao outono, porque seus bulhos e sementes são plantados na primavera.

Os frutos também têm sua época de amadurecimento. Não podemos sentir o seu sabor enquanto estão verdes; quando bem maduros, são deliciosos. Mesmo os produtos agrícolas, têm seu tempo de amanho, semeadura e transplantação. E devem estar de acordo com a terra e o clima.

Como vemos, a Grande Natureza ensina ao homem a importância do tempo. Em seu estado original, ela é a própria Verdade, e por isso serve de modelo a todos os projetos do homem. Eis a condição vital para o sucesso.

O Johrei, a Agricultura Natural e outros princípios preconizados por mim, praticamente não fracassam; eles alcançam os objetivos almejados porque se baseiam na Lei da Natureza.

Nunca me afobo quando planejo algo. Encaro o assunto com objetividade, examinando-o sob todos os ângulos possíveis, e ponho-me a refletir calmamente. Só me entrego aos preparativos indispensáveis, após me convencer de que o plano é correto e útil à humanidade em todos os aspectos e possui sentido duradouro.

Acontece que a maioria das pessoas não têm paciência para esperar. Lançam-se à obra prematuramente, provocando desequilíbrio entre o projeto e o tempo. Por se afobarem, aumentam esse desequilíbrio, e daí sobrevém o fracasso. Portanto, em todos os empreendimentos, o essencial é ter paciência para aguardar a chegada do tempo exato. As coisas possuem, infalivelmente, uma ocasião propícia. Com toda razão dizem os velhos provérbios: "Se esperarmos, teremos bom tempo para navegar", "A sorte se espera deitado" e "Mire cuidadosamente para acertar o alvo".

Muita gente se impacientou com meu sistema. Houve quem me apresentasse idéias e planos que, às vezes, eu prometia realizar. Como tardasse a executá-los, as pessoas reclamavam ou estranhavam. Quanto a mim, estava à espera do tempo adequado.

Os conhecidos aforismos "Agarre a oportunidade" e "Não perca a ocasião", confirmam o que estou dizendo.

Sentimos que estamos diante da ocasião propícia, quando, preenchidas todas as condições, passamos a sentir um forte impulso para executar o plano imediatamente. Tudo se processará, então, com facilidade, devido ao amadurecimento do tempo. Aguardando o tempo certo, estaremos poupando esforços e todas as coisas correrão bem. Em resumo, devemos refletir bem antes de agir. Por exemplo: se algo impede que uma pedra role morro abaixo, mas tentarmos empurrá-la, despenderemos muita força. Entretanto, se soubermos esperar pacientemente, o obstáculo irá sendo vencido pelo peso da pedra. Com o tempo, até o empurrão de um dedo a fará precipitar-se. É o que acontece com a oportunidade.

"Se o rouxinol não canta, esperarei até que ele cante". Esta frase foi dita satiricamente por Ieyassu Tokugawa, o fundador da dinastia Tokugawa, a qual governou o Japão durante trezentos anos porque ele soube dar tempo ao tempo.

Creio que o que dissemos é suficiente para compreenderem a importância do tempo. Nao Deguti escreveu: "Com o tempo nem Deus pode". Isso resume admiravelmente a verdade da questão.

Meishu-Sama

25 de junho de 1949

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

filmes musicais


Eu sou louco por musicais, completamente alucinado e não importa, se modernos ou antigos...fiz uma seleção de alguns dos meus favoritos e quando eu vi, a lista já tinha crescido....futuramente enviarei a parte dois....



Rita Hayworth em Gilda

Angela Bassett em Tina

Irene Cara em Fame

Rita Hayworth em The loves of Carmen

Liza Minnelli em Cabaret

Fred Astaire e Rita Hayworth em You were never lovelier

Marion Cotillard em Piaf

Julie Andrews em Victor/Victoria

Cynthia Rhodes em Flashdance

Shirley MacLaine em Charity

Kate Hudson em Nine (ADOROOOOO !!!)

Julie Andrews em The sound of music

Whoopi goldberg em Sister act

Gene Kelly em Singing in the rain

Ewan McGregor em Moulin Rouge

Cynthia Rhodes e John Travolta em Staying alive 2

Judy Garland cantando Have yourself a merry little Christmas

Olivia Newton-John e John Travolta em Grease

Catherine Zeta Jones em Chicago


Judy Garland em A star is born ( ADORO!!!!!!)

Nicole Kidman em Moulin Rouge

Grand finale em Chorus Line

Judy Garland em Summer stock

Olivia Newton John em Xanadu

Fred Astaire e Cyd Charisse

Jenifer Beals em Flashdance

Olivia Newton John em Twist of fate

Patrick Swayze e Cynthia Rhodes em Dirty Dancing

Fred Astaire e Rita Hayworth em In the moonlight

John Travolta em Saturday Night Fever

Fred Astaire e Cyd Charisse em The band wagon
 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Brasil x França

O PASTOR AMOROSO Alberto Caeiro



O PASTOR AMOROSO 
Alberto Caeiro


I
Quando eu não te tinha 
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo... 
Agora amo a Natureza 
Como um monge calmo à Virgem Maria, 
Religiosamente, a meu modo, como dantes, 
Mas de outra maneira mais comovida e próxima. 
Vejo melhor os rios quando vou contigo 
Pelos campos até à beira dos rios; 
Sentado a teu lado reparando nas nuvens 
Reparo nelas melhor... 
Tu não me tiraste a Natureza... 
Tu não me mudaste a Natureza... 
Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim. 
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma, 
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais, 
Por tu me escolheres para te ter e te amar, 
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente 
Sobre todas as cousas. 
Não me arrependo do que fui outrora 
Porque ainda o sou. 
Só me arrependo de outrora te não ter amado. 

II 
Está alta no céu a lua e é primavera. 
Penso em ti e dentro de mim estou completo. 
Corre pelos vagos campos até mim uma brisa ligeira. 
Penso em ti, murmuro o teu nome; não sou eu: sou feliz. 
Amanhã virás, andarás comigo a colher flores pelos campos, 
E eu andarei contigo pelos campos a ver-te colher flores. 
Eu já te vejo amanhã a colher flores comigo pelos campos, 
Mas quando vieres amanhã e andares comigo realmente a colher flores, 
Isso será uma alegria e uma novidade para mim.

III 
Agora que sinto amor 
Tenho interesse nos perfumes. 
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro. 
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova. 
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia. 
São coisas que se sabem por fora. 
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça. 
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira. 
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver. 

IV 
Todos os dias agora acordo com alegria e pena. 
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava. 
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho 
E posso estar na realidade onde está o que sonho. 
Não sei o que hei-de fazer das minhas sensações, 
Não sei o que hei-de ser comigo. 
Quero que ela me diga qualquer coisa para eu acordar de novo. 
Quem ama é diferente de quem é. 
É a mesma pessoa sem ninguém. 

O amor é uma companhia. 
Já não sei andar só pelos caminhos, 
Porque já não posso andar só. 
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa 
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo. 
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo. 
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar. 
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas. 
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela. 
Todo eu sou qualquer força que me abandona. 
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

VI 
Passei toda a noite, sem saber dormir, vendo sem espaço a figura dela 
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela. 
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala, 
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança. 
Amar é pensar. 
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela. 
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela. 
Tenho uma grande distracção animada. 
Quando desejo encontrá-la, 
Quase que prefiro não a encontrar, 
Para não ter que a deixar depois. 
E prefiro pensar dela, porque dela como é tenho qualquer medo. 
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. 
Quero só pensar ela. 
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

VII 
Talvez quem vê bem não sirva para sentir 
E não agrade por estar muito antes das maneiras. 
É preciso ter modos para todas as cousas, 
E cada cousa tem o seu modo, e o amor também. 
Quem tem o modo de ver os campos pelas ervas 
Não deve ter a cegueira que faz fazer sentir. 
Amei, e não fui amado, o que só vi no fim, 
Porque não se é amado como se nasce mas como acontece. 
Ela continua tão bonita de cabelo e boca como dantes, 
E eu continuo como era dantes, sozinho no campo. 
Como se tivesse estado de cabeça baixa, 
Penso isto, e fico de cabeça alta 
E o dourado do sol seca as lágrimas pequenas que não posso deixar de ter. 
Como o campo é grande e o amor pequeno! 
Olho, e esqueço, como o mundo enterra e as árvores se despem. 
Eu não sei falar porque estou a sentir. 
Estou a escutar a minha voz como se fosse de outra pessoa, 
E a minha voz fala dela como se ela é que falasse. 
Tem o cabelo de um louro amarelo de trigo ao sol claro, 
E a boca quando fala diz cousas que não há nas palavras. 
Sorri, e os dentes são limpos como pedras do rio. 

VIII 
O pastor amoroso perdeu o cajado, 
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta, 
E, de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe para tocar. 
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu... Nunca mais encontrou o cajado. 
Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas. 
Ninguém o tinha amado, afinal. 
Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo: 
Os grandes vales cheios dos mesmos vários verdes de sempre, 
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento, 
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem, 
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor, uma liberdade no peito.